Não são raras as críticas frustradas da imprensa, nem as previsões que não se realizaram: Jorge Mautner (assim como Tom Zé, Sérgio Sampaio, Walter Franco, Itamar Assumpção, Jards Macalé, Luiz Melodia etc) foi taxado de artista "maldito", que não seria assimilado pelo público, artistas anti-comerciais. A imprensa errou: esses artistas duram até hoje; esses artistas se renovam a cada álbum, a cada show; esses artistas, considerados pelas revistas especializadas em música alguns dos maiores músicos brasileiros, são valorizados por, no mínimo, três gerações.
Um desses ícones da denominada contra-cultura (bastante expressiva nos anos 1960 e 1970) realizou, nos dias 09 e 10 de setembro, no Teatro da Reitoria, em Curitiba-PR, shows memoráveis. Jorge Mautner e banda encantaram o público presente, mostrando entrosamento entre eles; além disso, ficou claro o respeito e a admiração que a banda demonstrou por Jorge.
O show trouxe músicas principalmente dos álbuns Para Iluminar a Cidade (1972), Jorge Mautner (1974) e Eu Não Peço Desculpa (com Caetano Veloso, 2002). Iniciou com "Sapo Cururu", "Manjar de Reis", "Herói das Estrelas", "A Bandeira do Meu Partido" passando por outros clássicos, como "Samba dos Animais", "Eu Não Peço Desculpa", "Vampiro", "O Relógio Quebrou", "Guzzy Muzzy", encerrando com "Lágrimas Negras","Quero Ser Locomotiva", "Maracatu Atômico" "Samba do Blackberry" (só a banda), "Hino do Carnaval Brasileiro" e um pout-pourri de marchinhas. Entre as músicas, Jorge lembrou a parceria com seu amigo Nelson Jacobina, rememorou o saudoso samba e Clementina de Jesus, relatou suas influências do candomblé, ressaltou sua fé em Jesus Cristo; mostrou-se bastante lúcido.
Um show bastante intimista, um show em que o artista se valoriza, um show em que o público se delicia. Esse foi o show de Jorge Maunter. Após, recebeu os fãs no camarim de maneira muito gentil.