É ter de viver só de lembranças.
É não se ter o que se teve um dia.
É ver-se preso numa alegria
que o tempo não traz mais.
É ter vontade de sorrir e de chorar, ao mesmo tempo.
É querer fugir e correr atrás de antigos lugares.
É ver nas fotos os olhares
não mais vistos, apenas lembrados.
É ter de andar com as mãos nos bolsos
alguém que sempre andou de braços dados.
É forçar a vista querendo vê-la ao horizonte
e, por um instante, acreditar que é ela vindo.
É cantar uma canção de despedida e,
logo após, iniciar um "Amanhã vai ser outro dia..."
É crer numa vida como era
sem lembrar que, apesar de tudo, ainda há vida.
É ver na escuridão uma luz já conhecida.
É subir os degraus que os pés já tocaram...
e riram-se, e choraram-se ao se lembrar.
É ser um peixe vivo vivendo fora d'água fria.
(Indefinível, tal qual o amor, é a saudade. Algo tão pessoal e, ao mesmo tempo, universal; quem não sentiu, sentirá um dia, de alguém, de alguma coisa, de algum momento. Saudade também é a ausência de si mesmo. Saudade é o bom e ruim da vida; é quem mantem a chama viva da memória, dos bons momentos. Nem eu sei explicar o que é saudade. Quem sabe?)
30 de janeiro, Dia da Saudade.
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